quinta-feira, 14 de março de 2013

Carta de um louco





Resolvi te escrever esta carta por que sou besta, leso, bobo e o que mais houver desses adjetivos. Sabe o que é? É que ando querendo fazer umas loucuras. Não franza a testa e não ache engraçada essa minha confissão. Ando querendo assaltar um banco e logo em seguida te sequestrar (risos). Falo sério. Assim, acredito que será mais fácil suportar essa distância. Calma, senta e não se assuste, por favor, que eu vou te contar tudo nos mínimos detalhes.


Conheço uns caras da "pesada" - cuidado comigo, eu posso ser perigoso - que tem armas de verdade, eu mesmo já vi um 38, HK e uma pistola. Poderia conseguir uma dessas sem muitas dificuldades. No entanto, vamos ao assunto de fato. Eu alugaria um carro, esse tal revolver e assaltaria um banco qualquer. Após esse feito, marcaria um encontro as pressas com você e pronto, o auge do meu plano chegaria. Pegaríamos as estradas do Brasil a fora, sem local certo de destino. Celulares, ipods, tablets e computadores estariam extintos, terminantemente proibidos, nada de grandes tecnologias. O foco sou eu e você. Então jogaríamos tudo fora pela janela do automóvel e seguiríamos para o nosso destino. Uma casa um pouco confortável, em uma pequena cidade do interior de algum lugar nesse mundo de meu Deus. Sequestro feito. Você viveria não só de pão e água. Mas também de amor e carinho, essa seria as suas principais refeições. Os suprimentos seriam para um longo mês de duração.

Na casa:
* estaria proibido o seu contato físico ou de qualquer outro tipo com alguma outra pessoa que não fosse comigo.
* Como você não sairia da casa, não precisaria de muitas peças de roupas. Mas também, pra que roupas?
* Suas manhãs seriam no porão, em um cômodo que há apenas uma cama, um ventilador, uma iluminação baixa e um banheiro ao lado. Eu ainda seria bonzinho com você, teria uma estante cheia de livros.
* Todas as noites eu lhe algemaria e você deveria se submeter aos meus caprichos e as minhas vontades, isso sempre de muita cordialidade.
* O banho, seria constante e demasiadamente necessário. Você entendeu!

Mais uma vez eu te peço, não me julgue um lunático ou psicopata. Eu realmente não sou. Estou completamente lúcido do que quero e dos meus desejos. E meu maior anseio é estar vinte e quatros horas dos meus dias com você. Você tem sido meu primeiro pensamento ao abrir dos olhos e durante o dia inteiro. Minhas noites estão mais extensas desde que você entrou na minha vida. Nem meus próprios sonhos são meus de fato, você agora os possui e ainda anda transformando-os em realidade.

Eu confesso:
Eu amo cozinhar com você.
Eu amo tomar banho com você.
Eu amo dormir com você.
Eu amo beijar você.
Eu amo fazer amor com você.
Eu simplesmente, amo você.

E quando eu acho que tudo está se acertando, tudo está ficando nos trilhos, no nível e no prumo. De repente, bem assim do nada mesmo, eu descubro que tudo era fantasia, um conto de fadas que tem final. E que no nosso caso nem sempre é feliz. Na realidade não costuma ser feliz. 
Deveríamos ter um controle remoto: Liga, Desliga, Aumentar a intensidade, Diminuir a intensidade, Dar pausa, Stop ou até mesmo DESLIGAR!

sexta-feira, 8 de março de 2013

Elas


Pequenas, grandes. Baixas, altas. Magras, gordas. Ricas, pobres. Brancas, negras. Executivas, donas de casa. Professoras, aprendizes.  

Elas que são guerreiras desde sempre.
Elas que eram oprimidas, reprimidas, isoladas; hoje mostram suas caras, suas garras, seu valor.
Elas que cuidam do lar, cuidam dos filhos, cuidam do marido, cuidam das grandes empresas e ainda encontram tempo para cuidar de si mesmas.
Elas que outrora eram o sexo frágil, consideradas a boneca de porcelana, hoje são combatentes, vão as guerras, vão a luta, saem ao sol enfrentando tudo e todos para mostrar que são capazes, que são vorazes.
Elas que têm a grande habilidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo.
Elas que em tempos obsoletos eram impedidas de exercer sua cidadania, hoje tem uma representante na presidência do país. 
Elas que pilotavam fogões, agora pilotam aviões, jatinhos, são comandantes de navios.

Tenho um exemplar desses em casa. Ela que é uma referencia. Ela que é guerreira. Ela que é dona de casa, mãe, esposa, cabeleireira, empreendedora, forte, amiga, companheira, sonhadora, idealista. Ela que tem suas crises de TPM, como todas. Ela que é mulher.

É por isso que hoje, todas elas, merecem os meus aplausos de pé.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Noite de Tormenta


Fechou a primeira porta, parou um pouco. Não sabia pra que nem o porque da pausa. Desceu vagarosamente as escadas. Fechou a grade na cor bege, meio descascada e enferrujada. Tirou o pequeno molho de chaves do bolso, escolheu uma amarelada, era a que servia exatamente no cadeado. Pegou os fones de ouvido de sua mochila, os plugou em seu celular e escolheu uma música que descrevia seu estado de espírito. Abaixou a cabeça visualizando apenas seus sapatos já gastos pelo tempo e começou sua caminhada. Eram passos pequenos, calmos, compassados. Cada andar um pensamento. Não tinha pressa. O vento soprava seu rosto, seu corpo. O céu não estava tão belo, não estava tão azulado com estrelas brilhantes. E a lua se escondera naquela noite fria. Nem mesmo a lua, em qualquer das suas fases, lhe fazia companhia. A música invadia seus tímpanos, seu cérebro. Olhava para o nada e pensava em tudo. Queria gritar o seu silêncio, mas contia em si. Queria vomitar sua agonia, expulsá-la. Entretanto, ela está ali, o atormentava.

O primeiro passo em área livre foi dado. Pessoas caminham pelas ruas, todas muito apressadas, presas em seus mundos, em suas vidas. Ele esbarra numa moça - Ela tem pele clara, cabelos negros, lisos, caídos aos ombros, vestia uma camisa branca, com estampa de flores em tons de salmão, uma calça jeans justa e sandália rasteira; algumas bijuterias em seu antebraço esquerdo, carregava sob o colo um caderno e uma pequena quantidade de livros, era tudo o que compunha aquela garota.

Ele continuava perdido no labirinto escuro dos deus pensamentos, vagava pelos vales sombrios, por terras de ninguém. Tateia os muros úmidos e repletos de lodo. A vista teias de aranha e cavernas de morcegos, vales com cadáveres expostos, abutres a espera da próxima refeição. Sente um frio na espinha e um calafrio na nuca. O odor do ambiente invadia suas narinas e enchia seus pulmões. 

O céu se tornou mais escuro, a noite em trevas total, as nuvens não se entendiam e resolveram se reunir para desaguar suas queixas, gritavam raios, trovões e relâmpagos.  Tempestades atingia o solo, o atingia. Já não havia uma parte do seu corpo que não houvesse sido ferido pelas águas de Março, estavam mais ferozes este ano. Sentiu o salgado em seus lábios, eram lágrimas quente que rolavam por suas bochechas e se misturavam as gotas da chuva. Naquele dia só queria um abrigo, um porto seguro. Só queria a tranquilidade em meio toda aquela tormenta. Não conseguiu.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Sentir[NÃO]Sentir



Vem cá, senta aqui e vamos conversar um pouco. Me deixa te fazer algumas perguntas pra tentar te entender, pra tentar entender esse seu medo de se entregar, esse seu medo de se permitir sentir, esse medo do que as pessoas vão falar ou pensar. Vamos me conte, explique-se, exponha-se – se quiser. Lembra? Somos amigos.

Estou falando de um A-M-I-G-O; desses do tipo que quando acontece algo novo você quer correr pra contar, independente de ser uma coisa boa ou algo triste.
Estou falando do tipo de amigo que você não usa máscaras, capas ou coisas do tipo. Estou falando do amigo que conhece você nu e cru, com todos os seus defeitos e qualidades. 
Estou falando daquele tipo de amigo, que você o considera como um irmão, sei lá, mais que um irmão. 
Estou falando daquele tipo de amigo que você o chama pra sair e já sabe a resposta, mesmo assim faz questão de chamá-lo. 
Estou falando daquele tipo de amigo que se ganhar na loteria, ele ficaria rico com você.


Detalhado o tipo de amigos que somos, seguimos com o assunto em questão.

Não podemos negar. Sentimos. Sentimos o frio na espinha, sentimos medo, sentimos aquela insegurança, sentimos e sentimos. Sabemos exatamente o que está se passando com a gente, mas deixamos o medo construir sua casa sobre nós. Fingimos não sentir. Não está ali. E terminamos perdendo a nossa essência, o que realmente somos e sentimos. E terminamos perdendo uma página que poderia ser A PÁGINA da nossa vida. Eu sei que às vezes dói, que machuca e que é necessário ter muita coragem pra enfrentar tudo e todos, e que não é fácil. Mas você achou que realmente seria fácil? A vida não é fácil pra ninguém meu amigo. E sentir dor é um bom sinal, ela nos diz que ainda estamos vivos, ela nos diz que ainda sentimos. Sentimentos não são para estar guardados sob embrulhos e caixinhas, são pra ser sentidos, vividos. Se você assim não o fizer, jamais vai se sentir vivo de verdade.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Ao acaso


Acredito que tem horas que a vida se diverte com a gente. Só pode ser.
Ela pega seu banquinho, seu saco de pipocas com um copo de refrigerante e começa a nos assistir. A vida as vezes é uma ótima espectadora, mas ela não consegue se manter inerte e passiva por muito tempo. Então, ela vai interferindo com o que chamamos de acaso, sem motivo ou explicação aparente. E são nesses casos e acasos, que a nossa vida chega a dar uma volta de 180 e até 360 graus.


Por um acaso, a menina engravidou e a criança se tornou um médico e salvou vida de centenas de pessoas.
Por um acaso, a chuva resolveu molhar a terra; o que fez com que a safra desse ano rendesse um maior lucro.
Por um acaso, meu pai conheceu minha mãe e eu nasci.
Por um acaso, eu ganhei um cachorrinho e ele hoje é minha única companhia em momentos tão meus.
Por um acaso, não tinha aquele sonho na padaria e eu tive que me contentar com o pão integral que mantem meu corpo mais em forma.
Por um acaso, perdi o ônibus e fiquei muito irritado; mas recebi a notícia que o mesmo havia sido assaltado na esquina seguinte.



Por um acaso, você estava naquela ladeira, em dia de carnaval; por um acaso não nos falamos; por um acaso temos coisas, bastantes coisas em comum; por um acaso ficamos, nos beijamos, nada previamente planejado, premeditado ou esquematizado pra acontecer, só aconteceu; por um acaso isso está durando e eu meio que estou me perdendo em tudo isso; por um acaso, as coisas estão tomando outras proporções; por um acaso, tenho medo de prosseguir da maneira em que estamos, mas também não quero parar. Tudo bem, eu aceito os riscos, eu me disponho a lutar contra tudo e todos para viver este caso, no acaso em que a vida nos colocou. Não sei se a vida queria nos pregar uma peça, ou ela realmente decidiu nos deixar ser felizes por algum momento, não sei, mas no meio dessas coisas improváveis e incertas, no meio dessas coisas duvidosas e inseguras, o que eu sei é que quero estar ao seu lado, num para sempre eterno.



Por um acaso, achamos que estamos sempre certos disso ou daquilo, do pequeno ou do grande, do salgado ou do doce, da praia ou do campo, da lua ou do sol.
O acaso muda nossos conceitos, nossas certezas, nossos paradigmas. E o acaso nos mostra que estar errado é também estar certo, e que estar certo é muitas vezes estar errado.
E no acaso da vida, eu deixo me levar. Me levar pra viver. Me levar pra você.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Incertezas do Amor




Me prometi nunca mais me apaixonar, nunca mais mergulhar nesse oceano chamado amor. A gente nunca sabe o que há no fundo desse mar. Os perigos que ele contém. Animais marinhos, que te devoram. Mas aí, surge quem? Você! Amigos de redes sociais. Flertações. Você chega falando tudo o que eu quero ouvir. Sempre brinca assim com as pessoas ou é só comigo? As horas vão se passando, os dias se findando e o nosso relacionamento se estreitando, a coisa vai ficando cada vez mais tensa, mais sinistra. Sabe aquele filme de suspense com aquela musiquinha (tan tan tan tan) de fundo e você não sabe o que vai acontecer depois?

É o risco dos relacionamentos, infelizmente eles não são previsíveis, não temos a bola de cristal das ficções, espelhos mágicos, gênios de lâmpadas. Na vida real tudo é mais complicadinho. E quando falamos de amor e paixão as coisas tornam-se gigantescas, intensas e extraordinárias. Tudo bem, você parece uma pessoa legal, você é bonita, inteligente, temos afinidades. É clichê, mas é verdade.

Mais uma vez salto da pedra, saio da terra firme e mergulho neste oceano de incertezas. Se vai durar, se vai dar certo? Só saberei se arriscar.